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A vida ensina mesmo quando a gente insiste em não aprender?


Você já se sentiu assim? Passando por situações parecidas e dando respostas semelhantes, frustrantemente similares.


Semana passada foi emocionalmente intensa do lado de cá. Situações novas mas que despertaram sentimentos antigos e me vi na busca por reações inéditas.


Vamos aos fatos!


Fato 1

Estou fazendo um curso longo e profundo sobre Feminino Ferido. A aula desta semana foi sobre Jung, persona, identificação, sombra, a jornada da heroína. Esse conteúdo me deu um insight sobre mim mesma tão poderoso que demorei para saber o que fazer com ele.


Em alguns processos de coaching e mentoria que faço o tema Síndrome do Impostor aparece e as perguntas: “qual o seu segredo que você mais tem medo que as pessoas descubram?” e “o que você mais tem medo que as pessoas falem a seu respeito?” costumam oferecer boas reflexões. Eu finalmente desvendei a causa raiz das respostas que eu mesma dou para essas perguntas, após uns dois anos construindo e atualizando respostas mais estilo “aparando folhas das árvores”, como gosto de dizer.


Fato 2

No final de fevereiro meu avô faleceu de velhice, algo de certa forma esperado. Mesmo assim fiquei chateada e cancelei alguns compromissos no dia do ocorrido e no dia posterior.


Uma destas reuniões foi postergada para essa semana. No meio do encontro recebi a informação de que um primo de 33 anos tinha falecido, COVID.


Senhooor, que mix de sentimentos e pensamentos.

“Meu Deus, tão jovem!”

“Preciso me conter por mais 90 minutos, só até a reunião acabar, eu consigo”

“Que tipo de pessoa eu sou que recebe a info de que um primo faleceu e continua trabalhando como se nada tivesse acontecido?”

“Se eu falar que perdi mais um parente, o que eles vão pensar? Nossa relação é de confiança, eles sabem que eu não mentiria.”

“Levou semanas para conseguirmos alinhar as agendas, não posso perder essa oportunidade de avançar no projeto.”

“Como será que está a minha mãe, 3o parente que falece em 100 dias?”

“Como será que estão a esposa e os 3 filhos pequenos que meu primo deixou?”


Fato 3

Esse meu primo que faleceu, há 12 anos, fez uma coisa que eu reprovei.


Eu congelei a nossa relação e a imagem que construí dele há 12 anos, não atualizei, não investi energia em atualizar.


Ele foi cremado em uma cidade distante da que eu moro, não fui à breve cerimônia. Minha mãe me contou as histórias que foram narradas sobre quem ele foi nestes últimos anos.


Entendi que eu estava com uma notícia velha. Muito injusta, preconceituosa, rasa, acomodada.


Brinquei de Deus com este meu primo, o julguei como se eu fosse a dona do Universo, a responsável por fazer as leis, as referências, as regras de certo e errado.


Vocês sabem quem perde quando somos injustos, preconceituosos, rasos e acomodados nas nossas relações, né? Bom, vou falar de mim… quem perde/perdeu sou/fui eu.


Outra perspectiva, mesmo assunto. Vocês sabem o que perdemos quando temos medo de que as pessoas ajam de maneira injusta, preconceituosa e acomodadas conosco? Apostaria na palavra autenticidade como resposta. Fazemos menos contato com o que estamos sentindo e precisando e olhamos para o que parece ser mais adequado, mas não o mais adequado aos nossos olhos e coração, e sim, aos olhos dos outros.


Ao conectar o que senti nos 3 fatos percebi que “julgamento” é o ponto central.


Julgar e ser julgada são a base da minha resposta sobre o que eu tenho medo que saibam a meu respeito. E sabem o que é pior? Eu chamava isso de exigência. “Eu sou uma pessoa muito exigente comigo mesma e com os outros” - era a mentira que eu dizia para mim mesma. Como se Deus tivesse me dado o dom de ter a referência sobre o que é o ideal de se obter de cada um (inclusive eu mesma) em todos os momentos.


Eu costumava pensar que a autocrítica é o que me protegeria de ser medíocre, é o que me impulsionaria a ser cada vez melhor, me manteria em constante evolução. Vejam bem, não estou jogando pedra na autocrítica, mas se a autocrítica mais paralisa e causa sentimentos ruins do que encoraja, está na hora de rever a dose, concordam? Se a autocrítica faz com que eu tente esconder de mim mesma ou evite olhar para as coisas nas quais eu não sou boa, ela está me impedindo de desenvolver estes pontos.


Com medo de ser julgada de maneira preconceituosa e injusta, coloquei minha tristeza no bolso e dei andamento em uma reunião de trabalho, mesmo meu cliente nunca tendo demonstrado que reagiria assim, eu o julguei de maneira rasa e acomodada.


Sobre o meu primo, bom, ficou meio óbvio o tema julgamento nesta história. O que não é óbvio é que meu julgamento me fez perder 12 anos de convivência com ele.


E por fim, o último aprendizado da semana foi entender que a vida estava me dando mais uma vez a oportunidade de não ser injusta, preconceituosa, rasa e acomodada com a minha leitura sobre mim mesma. Definir quem eu sou pelas dúvidas e sentimentos ruins que tive essa semana seria um julgamento dos mais maldosos que eu poderia fazer comigo mesma.


E essa semana, pelo menos no final dessa semana, eu consegui empatizar comigo mesma e não me julgar. Entendi e senti o que foi possível e isso foi o suficiente.


E você? Você é "exigente" consigo e com o mundo? Ou cá entre nós, se sente um(a) julgador(a) e julgado(a) de plantão? Por favor, responda a estas perguntas sem ser injusto(a), preconceituoso(a) nem raso(a). Pode ser libertador!


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