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05 conversas nada triviais que tive com founders em 2023

Atualizado: 22 de jan.


foto Unsplash


No 2o semestre de 2023, intencionalmente, aumentei o número de horas da minha agenda conversando com founders, sendo ou não do portfólio da Astella. Tenho uma hipótese de que os talentos dos(as) founders alimentam os diferenciais das suas startups, assim como, seus gaps de desenvolvimentos geram os gargalos de crescimento das suas empresas. Quis investigar essa possibilidade aumentando minha amostragem de casos. Foi incrível!


Todos temos gaps de desenvolvimento, não teria motivo para ser diferente com os(as) founders. Minha missão tem sido, em parceria com os empreendedores, identificar seus gaps e acelerar seus aprendizados, para conseguirmos escalar resultados das suas empresas.


Falamos muito sobre o que é difícil, o que traz insegurança, o que poderia/deveria ser diferente. Foram conversas esclarecedoras para ambos os lados. Quero compartilhar 05 frases que ouvi nesses batepapos e que me impactaram: 


1 - Não posso aceitar que estou construindo uma empresa que está precisando de mais dinheiro para continuar no mesmo lugar

Sim, é muito difícil aceitar que os resultados da sua própria empresa não estão dentro do esperado. 

Minha hipótese é que a dificuldade pode estar centrada na simbiose existente entre muitos founders com suas startups: se a empresa não vai bem, eu não sou bom, eu não sou suficiente, eu sou um fracasso. 

Infelizmente, vejo founders ficarem enredados nessa frustração e autodesqualificação mais tempo do que seria saudável para sua empresa.

Se a empresa não vai bem, provavelmente o founder está cometendo erros. Cometer erros é muito diferente de ser um erro. 

Na história da Astella temos várias investidas que estavam em condições muito desfavoráveis e que a partir de uma mudança do produto, no posicionamento, na estratégia de vendas elas deram a volta por cima. 

Apenas founders que acreditam mesmo que erro faz parte do processo e que erro não define alguém são capazes de manter sua autoimagem e autoestima intactas durante um momento pouco fértil. Esses são os momentos que mais demandam lucidez, capacidade analítica e estratégica de um founder, brigar consigo mesmo ou culpar-se é o caminho menos frutífero.

  • Ser founder é um exercício de autoconhecimento.


2 - Preciso evoluir. Ao invés de pensar em “como eu me multiplico?”, preciso responder “como eu multiplico”?

Adorei essa pergunta. 

Founders que investem seu tempo mais executando do que ensinando estão construindo, diariamente, um gap na capacidade de execução da empresa. Esse gap pode levar de 6 a 18 meses para ser percebido, mas ele chega. Eu garanto. 

Eu acredito que nas empresas de crescimento exponencial quando o founder passa a dominar a sua Job Description, o jogo muda de fase. Vejo que a sensação de “nossa, ainda há tanto a aprender” é uma constante na rotina de um(a) founder e que boa parte da sua satisfação com o papel é exatamente essa clareza de que existem muitos desafios a serem vencidos. Mas também entendo que desafios enormes e constantes, cansam. Desafio pode ser uma delícia, mas também pode ser uma dor.  

Se o(a) founder conseguir direcionar um pouco do seu tempo para fazer uma relação de quais foram os aprendizados, conhecimentos e habilidades necessários/adquiridos na fase anterior do jogo, ele terá clareza de quais são os ensinamentos que precisarão ser multiplicados para que as capacidades sejam multiplicadas.

  • Ser founder é um exercício de ser um MVP.


3 - “Não sei” é a frase que traduz a “mínima vulnerabilidade viável”.

“Não sei” é uma das minhas frases favoritas! Ela acelera tanto a construção de confiança, produtividade e direcionamento assertivo de uma conversa que só quem vive entende.

Como mencionei acima, exercer o papel de founder é um constante “ não saber”, explorar, aprender, co-construir, experimentar, testar. Aquele dito popular: “quando eu descubro a resposta, o mundo muda a pergunta” é um mantra na rotina de um(a) founder. O problema não é não saber a resposta, o problema é estar sempre diante das mesmas perguntas. 

  • Ser founder é um exercício de humildade.


4 - Me sinto eternamente endividado(a) pelo tanto que meu co-founder me ajudou.

Elis Regina dizia: só vai tomar champagne comigo, quem comeu M. comigo.

Percebo que os(as) founders percebem rapidamente quando seus co-founders não estão acompanhando a velocidade de crescimento da empresa. 

Durante alguns meses eles bancam o débito de resultado gerado pelo gap na performance do(a) co-founder, normalmente é o tempo que ele(a) leva para criar coragem para tomar a decisão que é melhor para o negócio. Durante esse processo de digestão do que precisa ser feito, vejo founders com raiva da situação que o(a) co-founder o colocou, da decisão triste que precisa ser tomada. O relacionamento entre os dois vai amornando e as coisas não ditas seguem acumulando.

Vi founders até desenhando possíveis próximos passos de carreira para o co-founder para que o founder se sinta menos culpado pela decisão. “Se eu achar um bom lugar para ele, ficarei em paz com a minha decisão” - me disse uma founder.

Sim, é muito difícil não dividir o champagne com quem esteve do nosso lado nos momentos mais difíceis. Acredito que relacionamentos que são marcados por benefícios mútuos, prosperam. Sentir-se grato(a) é bem diferente de sentir-se endividado(a), se em algum momento da história entre os co-founders, gratidão e dívida viraram sinônimo, rastrear detalhes sobre o momento dessa virada de significado pode ajudar a entender como ajustar as lentes e fazer o que é justo com todos.

  • Ser founder é foda.


5 - Não existe começar de novo. A gente sempre carrega os aprendizados e cicatrizes.

O processo de captação de aporte é um momento de muita tensão. Colaboradores estão contando com a habilidade do(a) founder de trazer “dinheiro para dentro de casa” para que a empresa e, consequentemente, o time se desenvolva e evolua.

São muitas negativas ao longo do caminho.

Quando a captação acontece, muda o tipo de tensão e pressão, mas elas não somem. É necessário ter capacidade de executar o que foi prometido, na cadência acordada, com eficiência do uso do capital. 

Posso garantir que toda jornada de captação e de execução do plano estratégico são marcadas por muitos aprendizados e erros. Se o(a) founder consegue processar o que aprendeu, principalmente com os erros, não existe recomeçar, apenas progredir.

Acredito profundamente que os(as) founders que possuem e usam sua rede de apoio para falar de seus medos, erros, inseguranças, conquistas, frustrações, sentimentos de uma forma geral, são aqueles que vivem um ciclo virtuoso no qual todas as informações mapeadas no trajeto são rapidamente usadas em benefício do desenvolvimento dele(a), do time e da empresa. 

  • Ser founder é ser gente. 


Quanto mais converso com founders, mais acho o mundo do empreendedorismo instigante com suas histórias narradas X histórias veladas. Quanto mais consigo fazer parte da jornada de desenvolvimento de founders, mais eu acredito na interferência do papel das emoções e autoestima nas entregas. Quanto mais “sofro” junto com os(as) founders, mais eu legitimo a importância de termos relacionamentos de confiança e parceiros de desenvolvimento.


Termino agradecendo a todos os founders que toparam me contar sobre seus bastidores, seus receios e verdades. As conversas profundas e genuínas que tivemos foram uma das melhores coisas no meu ano de 2023. Ver o resultado dessas conversas virando entregas de vocês me dá muito orgulho. Vocês sabem que estou na torcida e que podem contar comigo sempre.





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