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Foto do escritorAna Rezende

Você é uma Barbie Founder?

Atualizado: 18 de jan.


*Imagem criada via Chatgpt com a intenção de te provocar a fazer contato com possíveis preconceitos seus e do entorno


Esse post é a continuidade de um texto que fiz em outubro de 2023 chamado chamado “Jornada do Herói afasta empreendedoras das suas verdadeiras conquistas. Caso você não tenha lido ainda, sugiro que o faça antes de dar andamento na leitura desse aqui. Se você já está aware do 1o conteúdo, bora caminhar!


Estamos refletindo sobre a Jornada da Heroína, lembram? 


Muito bem, focaremos na 5a etapa, Despertando para Sentimentos de Aridez Espiritual. Minha permanência nessa fase foi dolorida.


De repente, eu me percebi uma mulher bem sucedida profissionalmente, mãe de 3 filhos, casada com o mesmo marido há mais de 15 anos. Esteticamente, ok. Financeiramente, ok. Emocionalmente, doida varrida com habilidades teatrais em manter as aparências.


Os primeiros questionamentos vieram em termos profissionais. “Puxa, se conquistei tudo isso e não estou me sentindo realizada, provavelmente, fazer RH não é a minha praia.” A resposta a essa hipótese veio de maneira consistente nos dias seguintes após viver minha profissão, eu AMO fazer RH, RH é a minha praia, sim. O “problema” não era esse.


Os questionamentos seguintes vieram mais em assuntos pessoais. Eu me sentia exausta! Eu fiz o cálculo de quantos anos eu ainda precisaria esperar para dormir bem ou fazer uma viagem longa com meu marido. “Eu não nasci para ser mãe. Não sei como as mães de 3 filhos fazem, mas eu não dou conta. Vou fugir de casa.” Sim, eu realmente fiz planos. Essas 3 frases giravam na minha cabeça dezenas de vezes durante o mesmo dia. E claro, a bendita culpa vinha junto. Eu me sentia sem saída, sem saber o que fazer. O plano passou a ser encontrar um espaço para mim na minha vida (dramático, eu sei, mas era bem assim que eu me sentia nessa fase. E está tudo bem ser intensa emocionalmente, às vezes)


Marti Glenn, psicóloga, diz o seguinte: “a mulher perde seu “fogo interior” quando não está sendo alimentada, quando não há mais combustível para a chama da sua alma, quando morre a promessa do sonho por tanto tempo mantido. Os velhos padrões não servem mais, o novo caminho ainda não está claro. Há escuridão por toda parte.”


Eu me dei conta que as regras que regeram muitas das minhas decisões precisavam passar um tempo em uma espécie de “purgatório. Senti necessidade de, de certa forma, me isolar e reavaliar uma série de premissas. Sozinha. Bastava de frases prontas, sobre mulheres, principalmente, Fiquei muito intolerante com palavras e expressões embutidas de preconceito e limitações.


Maureen Murdock comenta em seu livro que, muitas mulheres se sentem traídas e/ou revoltadas quando passam por essa etapa da jornada. O pensamento é algo do tipo: “Poxa, a sociedade/mercado de trabalho me vendeu a ideia de que se eu tivesse o comportamento XPTO eu me sentiria realizada.”  Várias ficam raivosas (eu sou dessas), vivem o luto da perda da sua visão de mundo e concluem que a única saída é seguir sozinha, optando por não ser “vítima do sistema” e tomando a vida nas próprias mãos. Decisão difícil mas necessária.


Queridas, female founders, quantas de vocês decidiram empreender como uma resposta construída nessa fase da jornada? Na expectativa de construir uma bolha que opere com base nas suas próprias regras e crenças? Quantas de vocês “semi desistiu” das condições sócio culturais, por ora, e tornaram-se founders, como uma alternativa? Algo do tipo: se não posso mudar o mundo, vou, pelo menos, mudar o meu mundo? Muito nobre da parte de vocês. Que bom que vocês existem! S2


Posso dar um passo adiante e pedir uma reflexão mais profunda? 


Quantas de vocês, antes de revolucionar para fora, revolucionou para dentro? Quais estão aprendendo a revolucionar o meio externo, para então, poder revolucionar internamente? alguém fazendo as duas revoluções “ao mesmo tempo agora”? Quantas de vocês lideram startups para se "distrair" e não entrar de cabeça no despertar da aridez espiritual?


A etapa de aridez espiritual é ardida. É sobre renunciar a busca por ser perfeita e por percorrer o caminho que nos garantiram que trariam satisfação, e, substituir pela consciência que o melhor que podemos fazer é dizer “não” para o enlatado, semi pronto, esteira rolante, e, dizer “sim” para o angustiante e libertador “ainda em definição”, em procura da minha autenticidade, em busca do que faz sentido para mim.


Eu vi recentemente o filme da Barbie, sim, minha energia masculina sobressaiu por meses e permaneci resistente a assisti-lo. Mujeres do meu coração, se a própria Barbie, no final do filme, abre mão de ser perfeita, da previsibilidade e controle de ter “um dia bom”, da garantia da felicidade, em nome de ter uma vida autoral, sem cartas e passos marcados, com emoções inesperadas, perna com celulite e rosto sem maquiagem, quem somos nós para não corrermos o risco de reconstruirmos e vivermos nossas crenças?


Topas sair da caixa e unir os dois temas: Aridez espiritual + Barbie? rs


Você se sente autêntica como female founder? Faço essa pergunta com muito carinho. Assim como foram criadas "referências" sobre a estética feminina, as Barbies, hipotetizo que você tenha em sua cabeça um certo existem estereótipo sobre perfil de founder ideal. A tentativa de viver esse estereótipo pode estar te distanciando de ser a founder que você tem potencial e vocação para ser. Talvez você não tenha essa resposta, talvez você ainda não saiba quem é a founder que você quer e pode ser.


Se existisse a Barbie Founder, será que ela seria boazinha demais, seria passada para trás na selava das startups? Ou será que ela lideraria sua startups com sensibilidade, criatividade, leitura de ambiente, flexibilidade, sagacidade? Eu acho que, se eu me permitir pensar na Barbie do filme, ela seria muito promissora. Mas, se eu ficar presa no meu estereótipo de Barbie...


Eu acredito muito na força do empreendedorismo feminino como um bálsamo para a nossa sociedade, uma catapulta para mudanças socio-economico-culturais estruturantes que precisam acontecer. Também acredito que isso vai acontecer se, e somente, se, liderarmos nossas empresas e times com autenticidade, provocando o ecossistema a ser cada vez mais próspero, sensível, inclusivo e flexível. 


Essa história de que existe um único padrão. Líder precisa ser ambicioso e visionário. Mulheres precisam ser como a Barbie, magras, com lábios carnudos, mesmo sendo empreendedoras. Founders precisam ter formação em Universidades Internacionais para conseguirem investimento. Isso é passado. Nem a Barbie aceita. Por que nós deveríamos aceitar? 


Dizer “não” à certeza de aceitação e dizer “sim” à co-construção do que faz sentido para nossa verdade é um processo. É nessa etapa da Jornada que a energia de resposta ao meio inicia. Pode parecer que essa resposta é “na força do ódio” e às vezes, é mesmo. E está tudo bem.


Desejo que cada uma de nós encontre motivação para seguir em frente nessa etapa, as próximas fases são muito transformadoras. Merecem ser vividas. Você, empreendedora, merece vivê-las.


Você pode estar pensando: "OK, entendi sobre aridez espiritual, consigo ver que já passei ou estou passando por isso. Mas ainda não entendi, é bom ou não ser uma Barbie Founder?"


Olha, eu não sei se é bom para você, essa resposta vai depender das suas crenças e aspirações. Então, te devolvo a pergunta: você quer ser uma Barbie Founder?


CONTINUA


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1 Comment


Que não seja uma obrigação.. mas que seja frequente, porque tem muita gente precisando ouvir suas reflexões... seguimos!

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